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51% dos brasileiros que têm pets concordam que poder ou não levá-lo na viagem determinará seu destino em 2020. Por outro lado, empresas aéreas dificultam cada vez mais o embarque de animais

Mesmo flertando com uma recessão técnica, o segmento pet no Brasil continua em pleno crescimento, com a projeção de movimentar R$ 36,2 bilhões em 2019 – uma alta de 5,4% sobre 2018, segundo dados do Instituto Pet Brasil. Dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) coletados em 2013 mostram que, de cada cem famílias, 44 criam, por exemplo, cachorros e só 36 têm crianças até doze anos de idade.

A mudança no perfil das famílias brasileiras reflete em todos os segmentos, e um deles é o turismo. Uma pesquisa recente realizada pelo site Booking.com mostra que o turismo pet é uma das oito tendências para 2020. Quase dois terços dos brasileiros (65%) que têm um bichinho de estimação dizem que seu pet é tão importante quanto um filho – o número é 10 pontos acima da média global (55%). 51% desses brasileiros com animais de estimação concordam que, no próximo ano, a escolha de seu destino de viagem dependerá da possibilidade de levarem ou não seus pets junto. Mais do que isso: um número ainda maior (59%) diz que estaria disposto a pagar a mais por uma acomodação petfriendly.

Mas o que faz essa área se destacar tanto num período em que as pessoas estão cortando gastos? A resposta é simples: a mudança de comportamento dos donos dos bichos. Nos últimos anos, os animais de estimação passaram para dentro das casas e ganharam o status de membros da família.

A empresária Patrícia Camargo se enquadra nestas estatísticas. Desde 2016, ela e seu marido, o cirurgião dentista Mateus Ferreira, e seus dois filhos de quatro patas, os yorkshires Armandinho (6) e Nina (3) não apenas visitam estabelecimentos que carregam o título “petfriendly”, como viajam por todo o Brasil e testam roteiros especiais com seus cachorrinhos. 

 

 

 

 

 

 

Formada em Rádio e TV e com MBA em marketing, Patrícia divide as suas experiências em família no site e nas redes sociais “Eu, Você e os Pets”, onde busca incentivar cada vez mais o conceito petfriendly, além de tirar dúvidas dos internautas. Para se ter uma ideia, o vídeo “Viagem de avião com cachorro” já ultrapassou a marca de 40 mil visualizações no Youtube. “São muitas regras que divergem de uma companhia aérea para outra, por isso as pessoas ficam confusas e nos procuram”, explica Patrícia. 

Viajando de carro

Segurança. O primeiro passo é escolher o equipamento de segurança. Gatos devem sempre ir em caixas e os cachorros têm duas opções: o cinto ou a cadeirinha. “Nós optamos pelo cinto porque percebemos que eles ficam mais à vontade”, explica Patrícia.

Antes da viagem. O segundo passo é acostumar o seu pet no veículo. “Muita gente diz que o cachorrinho não gosta de passear de carro, mas se ele só entra no veículo para ir no veterinário tomar injeção, ele não vai gostar mesmo!”. A dica é fazer pequenas viagens para ambientes, como um parque ou uma praça onde gostem de passear. “Desse jeito ele vai associar o veículo a uma coisa boa”, diz. Colocar brinquedinhos ou objetos que eles gostam também tornam o ambiente mais aconchegante e seguro.

Tudo pronto? Então vamos lá. Mas, antes de ligar o veículo, o próximo passo é cansar os pets. Dar um passeio onde eles façam suas necessidades é o ideal para ter uma viagem tranquila. Evite muita ração ou alimentos que eles não estão acostumados, assim você evita surpresas no caminho.

Pipi stop. Conhecer seu filho de quatro patas, saber de quanto em quanto tempo ele precisa fazer paradas para não ficar entediados ou apenas esticar as patinhas torna as viagens mais longas tranquilas.

Viajando de avião

A primeira viagem de avião com Armandinho e Nina foi para Brasília. No vídeo, que já tem quase 35 mil visualizações só no Youtube, Patrícia e Mateus narram toda sua experiência. Desde a documentação e exigências da companhia aérea, os dois compartilham suas inseguranças e felicidades antes, durante e após o vôo.

Dentro do peso.  Cada companhia aérea têm as suas próprias regras, mas, para viajar na cabine, os pets devem pesar de 7 a 10 kg contando com o peso da caixa de transporte que deve ter o tamanho certo exigido por cada cia aérea.

“O ideal é, um mês antes da viagem, você já ir acostumando seu pet a ficar ali dentro. Colocar um cobertor ou travesseiro que ele goste, brinquedinhos, até brincar lá dentro mesmo para ver que é um novo cantinho dele e que também gostoso e confortável”, orienta Patrícia.

Depois de fazer o check in e despachar as bagagens, o casal procurou um local fora do aeroporto para uma caminhada com os dois. Da mesma forma como na viagem de carro, a ideia é deixá-los cansados e com a bexiga vazia. Segundo os pais orgulhosos, os dois correram e brincaram tanto que passaram as 4 horas de viagem dormindo.

Companhias aéreas dificultam

Apesar das perspectivas positivas, a realidade é que as companhias aéreas têm dificultado a viagem com pet nas cabines. Segundo a organização “PETfriendly Turismo”, os limites de peso e altura propostos pelas companhias para viagem excluem mais de 80% das raças e animais e, dessa forma, a maioria dos tutores não tem o direito de viajar com seus cães ou gatos na cabine ao seu lado. A LATAM, que era a única empresa que os aceitava animais de assistência emocional na cabine sem restrição de peso, tamanho e raça, desde o dia 15 de novembro proibiu os pets em seus voos, com exceção nas viagens com destino ou origem para Estados Unidos, México e Colômbia.

Por exemplo, cachorros de focinho curto geralmente passam do tamanho e do peso permitidos, porém, por terem dificuldades de respirar, não podem ir no porão da aeronave. Um abaixo assinado que pede para que as companhias aéreas revejam essas regras está circulando na internet e traz mais informações sobre as limitações das viagens com pets.

Estabelecimentos pet friendly

Outro ponto importante da viagem com seu pet é a escolha da hospedagem. Hoje em dia, muitos hotéis se auto intitulam petfriendly, mas, para ter certeza, a dica é pedir as regras do local para não ser surpreendido. “Dizer que é petfriendly mas não permitir que o bichinho fique sozinho no quarto, não ter uma área onde ele possa brincar livremente, ou não permitir que ele possa andar de coleira em locais comuns significa que o hotel permite animais, mas não é petfriendly”,diz Patrícia.

Ela explica que o conceito petfriendly significa proporcionar bem-estar e conforto para os pets. “Recentemente fomos para um hotel em Campinas que cobrava taxa de hospedagem pet, mas, ao chegar no quarto, eles ofereceram caminha, petisco, bolinhas, potinho para água e comida, tapetinho higiênico, uma verdadeira recepção”. Neste mesmo hotel, o salão das refeições tinha um espaço coberto do lado de fora especial para os cachorros e um deck na área da piscina onde eles não podiam entrar na água, mas poderiam ficar na companhia de seus donos.

Algo que deve se tornar cada vez mais comum e uma tendência no setor hoteleiro já que, desde agosto deste ano, graças a uma PL aprovada pelo Senado, os animais não podem mais ser considerados “coisas”. O PLC 27/18 estabelece que os animais passam a ter natureza jurídica sui generis, como sujeitos de direitos despersonificados. Eles serão reconhecidos como seres sencientes, ou seja, dotados de natureza biológica e emocional e passíveis de sofrimento.

“Cada vez mais adotamos nossos pets como membros da família e queremos ter a companhia deles, afinal a vida é melhor com eles”, finaliza.

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